“A fênix é um pássaro da mitologia grega que, quando morria,
entrava em autocombustão e, passado algum tempo, renascia das próprias cinzas”.
Outra característica da fênix é sua força que a faz transportar em voo cargas
muito pesadas, havendo lendas nas quais chega a carregar elefantes, podendo se transformar em
uma ave de fogo.
Teria penas brilhantes, douradas e
vermelho-arroxeadas, e seria do mesmo tamanho ou maior do que uma águia. Segundo alguns escritores
gregos, a fênix vivia exatamente quinhentos anos. Outros acreditavam que seu
ciclo de vida era de 97.200 anos. No final de cada ciclo de vida, a fênix
queimava-se numa pira funerária. A vida longa da fênix e o
seu dramático renascimento das próprias cinzas transformaram-na em símbolo da imortalidade e do renascimento espiritual”.
É final do grande
ciclo maya (ver nota) enquanto escrevo e me recupero de cinco meses numa UTI.
Estava no combate de uma resistência orgânica às mudanças básicas, mesquinhos
apegos do ego já atingido pelas alterações fundamentais que havia feito,
confirmando o fluxo que era de se esperar de alguém supostamente louca e
eventualmente normal como eu. Estava nessa amarração feito âncora que não larga
o solo, privando o navio da sua oceânica viagem, quando um mal-estar mais ou
menos anunciado me acometeu pouco antes do carnaval de 2012. Uma dor no peito,
mais perto da alma que do coração, disparou o alarme.
Apesar da pressão de
uma veia que parecia puxar para esquerda, me arrastei até a rádio com intenção
de trabalhar. Nem bem cheguei aos estúdios da Rural FM de Alto Paraíso, percebi
o colapso iminente. Por inexplicável coincidência, um taxista chegou à recepção
para entregar uma encomenda. Aproveitando a providência, pedi para ser levada
ao hospital do município onde já estivera atrás de recurso médico umas três ou
quatro vezes. Já sabia não poder ali encontrar solução, mas pra onde mais eu
iria? A notícia bomba veio rápida, já encaminhada à internação, descobriram em
mim agindo em conjuntura, uma grave pneumonia com uma ignorada diabetes. Foi
demais para um corpo de metro e meio. Anoiteceu e eu não havia sido liberada, dormi
profundo nas águas do além-vida. De nada lembro-me no mundo das formas a partir
daí. Nada do que participei nesse
estágio de ausência fazia parte do mundo dito real.
Quando a consciência pretendeu
voltar à superfície achei que tinha desencarnado. Morri e agora serei
comunicada, pensei. Aguardava sem ansiedade os ritos astralinos pós-morte
descritos na literatura espírita, registrados na casuística das terapias de
vidas passadas, nos relatos sobre pessoas consideradas clinicamente mortas e
que voltaram; confiava nas milhares de mensagens que iluminados psicografaram.
Esperava a flutuação do espírito experimentando a devolução da liberdade, a luz
no fim do túnel, o inferno de Dante, os amigos do plano invisível e os inimigos
de anteriores encarnações querendo vingança. Mas nada aconteceu. Ouvia vozes
longínquas, estranhos sons, nada fazia sentido. Olhos cerrados, ouvidos
sensíveis, pensamento focado na minha reação frente à condição de morta. Onde
estaria eu?
Numa espécie de plano
intermediário? Talvez. Numa réplica do mundo físico? No purgatório? Numa escola
ou hospital do astral? Fora do planeta?
A INSÔNIA DOS MORTOS
O ritual ilusionista
na verdade só acontecia dentro da minha mente. Medo, também culpa. Medo de
sofrer dor, essa nossa eterna inimiga. Mas como exatamente um morto pode sentir
dor? Então a dor não é e nunca foi física. Dor na alma, era um martírio
psicológico o que eu temia; Culpa, esse peso auto-imposto que nos atira a
primeira pedra. Nós mesmos o réu, defensor, acusador e juiz. Qual, entre essas personas
do Juízo Final, teria a última palavra? Quem teria razão? A quê estaria exposta
após a sentença? Mais uma vez o medo, o medo da morte.
Somente a perfeição da
alma nos livrará desse fardo. A consciência nos acusa de ter protelado ad eternum a sua libertação; a
consciência, essa alma perdida, nos acusa de tê-la negligenciado, da covardia
de não levantar-se e andar. E ainda me vieram à memória conturbada, todos
aqueles seres cósmicos da história terrestre, aqueles exemplos de vigor
espiritual, aquela pureza e dignidade crísticas, aquelas crianças do amor
incondicional. A “morte” reserva mais verdades do que a “vida” é uma inversão
de valores, um quantum de informações pessoais e intransferíveis que disparam o
alerta vermelho, avisando que o tempo não suportará mais a inércia.
Depois de um mergulho
nas águas do pantanal sob a vigilância de um poderoso felino que a tudo
assistia, seguiu-se uma aula de engenharia química operacional, reproduzindo a
dinâmica do comportamento entre a escolha e o seu efeito. Tudo poderia ser
reconstruído, desde que o quisesse. Repetidamente durante um tempo equivalente
a alguns “anos”, absorvi aquela mensagem desdobrável em diferentes aspectos até
que a vontade finalmente se pronunciasse e decidisse: preciso voltar. Eu tenho
que sair daqui. Como um náufrago que emerge à superfície, saí daquele líquido aminiótico,
e enquanto já aguardavam a notícia de meu desprendimento, anunciado como
irreversível, desafiando os prognósticos hospitalares e em atendimento à fé das
dezenas de pessoas que rezaram por mim, voltei, para surpresa dos médicos.
Os diálogos iam e
vinham, vozes que se repetiam numa alternância de turnos e de assuntos
incompreensíveis. Aos poucos uma mudança cênica se manifestava, não estava mais
naquela dimensão fantástica, era tudo mais lento agora, o tempo arrastava-se.
Parecia uma espécie de laboratório para onde possivelmente teria sido
encaminhada e serviria de cobaia. A mente estava obcecada por essa ideia. Criaturas vinham me examinar e eu as
pressentia, mas não conseguia reagir. O movimento da respiração era tudo o que
conseguia mexer, um ar frio e constante entrava e saia de mim sem minha
participação. Não era eu que respirava, era uma máquina que induzia a
inspiração. Estava entubada e imobilizada, não sabia distinguir realidade do
plano paralelo, na dúvida, entre a vida e a morte. Foram momentos estranhos,
uma ideia se insinuou perigosamente: era tentador voltar ao estágio em que
estivera em contato com a vida interna. Por que eu deveria voltar para aquele
mundo de sacrifícios e dificuldades? Por que eu deveria voltar para aquele
planeta? Por quê?
Estava sedada e
assustada. Numa torpeza que gradativamente decrescia, fui retomando os sentidos
físicos, os olhos conseguiram abrir, primeiro semicerrados, depois ávidos por
informação visual, como se pudessem engolir imagens. Ao ver, descobri que de
fato estava fora do ambiente original onde deveria estar. O corpo não respondia
aos comandos. Músculos imóveis, articulações letárgicas, sem movimento, sem
comunicação, sem explicação. Virei um bebê, um incapaz, inchei até quase
explodir. Ninguém acreditava e nem sabia explicar como eu tinha voltado.
Comecei a aprender sobre milagres; abnegação, doação, dedicação, entrega e amor
incondicional. Eu que acreditava encontrar o amor incondicional nos grupos de
meditação, vi-o ativo na UTI do serviço público, especificamente no Hospital
Regional de Ceilândia. As meninas, meninos e híbridos da UTI dos adultos são
pessoas comuns com seus problemas e desafios, sonhos e conquistas, mas eles são
muito representativos em outro sistema.
O sistema que é regido
pelo sol da compaixão, da caridade, da paciência e todos aqueles valores que os
santos conhecem. Na maioria eram rostos jovens de rapazes e moças vestidos de
maneira pasteurizada, observadores “anjos da guarda” que nada tinham a ver com
a maldade da minha expectativa.
A inércia cruel não permitia a sintonia com
nada. Eu era agora uma matéria-prima em experiência científica, não sabia o
antes, o durante e o depois, não sabia o que se passara, o que havia
acontecido. Não tinha noção de onde estava, não conhecia a minha realidade.
Foi pelo tato e pelo
trato deles que comecei, a saber, da minha experiência de quase morte.
Francisco se aproximou para anotar uma combinação de números – sinais de vida –
quando alguém perguntou se “a paciente estava consciente”. Ele respondeu: “a
paciente está totalmente consciente”. Tempos depois ele me presenteou com o Best
Seller O Livreiro de Cabul, que recomendo.
Comecei a observar no
ângulo de visão que a imobilidade permitia. Eles alternavam-se em diferentes
funções, mas repetiam-se em presença a cada dois ou três dias. Quando chegavam,
sempre com palavras de carinho e anúncio de suas atividades, eram gentis, mas
inacessíveis a mim. Por causa do meu silêncio, minha compulsória mudez, ao
movimentarem o meu corpo para sondar órgãos e realizar procedimentos da UTI,
descobri não só a rigidez dos membros, mas o peso do corpo. Na hora do banho,
habilmente providenciado por eles (as) no leito, sentia a força que faziam para
me mover: “vamos virar dona Ana?”; “Agora pra cá, dona Ana...”. Eu, para mim
mesma era um mistério, como não havia possibilidade de perguntar, tentava olhar
nos olhos deles para sensibilizá-los, mas muito bem treinados, não atropelaram
o caminho de volta, limitavam-se a me comunicar o que fariam: “uma furadinha no
dedo...; um remedinho...vamos tomar um banho? Está com dor?” Era a Santi, Maria
Santana, nome e sobrenome de santa, aquela que é a paciência encarnada.
Foi num domingo que
descobri o que me ocorrera. Um rapaz, o Paulo, assumiu o plantão com cara feia,
parecia chateado, era uma cara de pitbull e um coração de poodle. “Bom dia meu
amor, hoje sou eu que vou cuidar de você”, cumprimentou-me. Sem poder
responder, acompanhava seus movimentos com os olhos. Ele leu meu pensamento.
Sabia que estava ali há dias sem comunicação. Com sede, com “fome” de sólidos.
Tudo era injetado em mim pela veia: comida, bebida, hidratação e remédios, tudo
nas artérias. Difícil dizer ao estômago que não tinha a menor chance dele ser
atendido. Os órgãos, viciados em sua rotina, estranhavam a imposição do nada.
Pessoas passavam com garrafinhas de água mineral... Geladinha... Um sonho de
consumo. Desespero da mente trazia à memória sensorial o sabor de um sanduiche
de queijo branco com berinjela e pepino, um sonho impossível. Nesse deserto sem
miragens fiquei dois meses e meio. Mas antes veio o Paulo com sua revelação
bombástica.
Sutil como um elefante numa loja de cristais
relatou num disparo de metralhadora giratória: “você sabe que dia é hoje? Sabe
onde está? Hoje é domingo. Você está no Hospital Regional de Ceilândia, chegou
aqui mal, ninguém dava mais nada pela sua vida, teve coma. Quando você chegou
aqui os médicos não sabiam o que fazer com você. Não tinham o que fazer”. Era um
repórter transmitindo tragédia, sem se importar com crianças e pessoas impressionáveis
na sala. Também sou repórter, vi nele o reflexo do que devo ter feito por muitas
vezes ao público-alvo. Paulo foi um grande apoio. Prontificou-se a livrar-me de
vários inconvenientes que, paradoxalmente, algumas mulheres profissionais da
enfermagem insistiam em impor. Ele era disposto e divertido. Vez por outra
desviavam-no de função, tão eclética era sua capacidade de colaboração com a
equipe.
Só soube o que havia
me acontecido, segundo os conceitos médicos, dias depois. Dr. Saint Clair, a
competência e a boa vontade em pessoa, é um experiente médico a exemplo da
antiguidade clássica, quando os médicos eram também sacerdotes. Os médicos eram
a intermediação de cura para o corpo e também o espírito. Saint Clair orientava
seus alunos estagiários em Fisioterapia, quando chegou diante do leito que
sustentava aquele monstro em que me transformei. Começou a explicar
brilhantemente o meu quadro. Não sei porque não chorei. Eu era uma referência
diagnóstica, uma aberração clínica, uma coisa mal resolvida entre o paradigma
da medicina alopática e o milagre da vida originária dos mundos extrafísicos.
Dr. Saint Clair começou a me acompanhar e o que dizia aos seus alunos
parecia-me um relato tão preciso e tão grave que fiquei ainda mais paralisada.
Fui instantaneamente surpreendida por um sentimento de negligência, de
irresponsabilidade perante a vida. Havia surtado completamente, chocada diante
da contradição entre o corpo e a mente. Queria tanto a saúde natural, o
vegetarianismo, mudei meus caminhos com essa meta, e agora estava ali, amarrada
ao velho paradigma, respirando com ajuda de aparelhos. Recebia overdoses de
química farmacológica, sintética e industrial, tinha meu corpo atravessado pela
radioatividade dos raios x, e estava nas mãos dos médicos que tateavam para
encontrar minha recuperação, conforme a cartilha das Academias de Medicina. Não
teria o direito de discordar e dizer não. Mas, com o intuito de ministrar uma
lição de vida, aquele paradigma que eu tanto combatia e abominava me salvou.
Desnecessário dizer que entrei em crises de identidade, existencial e filosófica.
O quê o Universo quer me dizer sobre isso? Em pleno 2012 eu estava no
Apocalipse.
A INSÔNIA DOS VIVOS
Ninguém consegue
dormir numa UTI, especialmente quando ela é tudo o que se tem. É impossível, é
impraticável, o barulho não deixa e o excesso de luminosidade não o permite. Há
um ruído constante vindo dos equipamentos que mantém os pacientes vivos e
monitorados pelos eletrodos. Trata-se de uma fiação desgraçada, grudada ao
corpo para fornecer os dados ao computador sobre os batimentos cardíacos, entre
outros ritmos. Uma praga que marca a pele enquanto a gente se debate no leito
tentando inutilmente dormir. Distinguir entre noite e dia era um jogo
interessante, luzes fortes eram acesas acima de mim, na minha cara, e quando
esquecidas, ficavam horas confundindo meu Jogo de adivinhar.
No fim da tortura psicológica, o corpo e a
mente exaustos rendiam-se ao sono opressor, nas primeiras horas da manhã, por
volta das 6 horas, antes dos primeiros raios de sol, sempre depois do último
beijo “dos vampiros” (falo alegoricamente). Eram os técnicos em exames clínicos
que vinham coletar as amostras de sangue para uma infinidade de análises
microscópicas que me vasculhariam, tomando como referência meu rio vermelho. Eu
brincava dizendo que eram “vampiros do final de festa”. Eles (as) é claro não
gostavam, mas as enfermeiras riam. Não era ofensivo o meu comentário, era
apenas o ângulo de visão de quem atravessava as noites submetida à sucção das
forças até a última gota. Todas as noites passava pela mesma sequência de
tormentos: remédios a cada duas horas, furadinhas no dedo para medição da
glicemia, verificação da pressão arterial, anotações dos sinais, nebulizações
sempre que recomendadas, troca de fraldas; aspiração da secreção que se
acumulava nos pulmões; cansaço das horas numa mesma posição e a mente a
trabalhar seus medos e esperanças numa velocidade capaz de desbancar a Fórmula
1.
Comungava com o ambiente que se alternava
entre ausências e presenças ruidosas. Mas era a rotina, não poderia jamais
censurá-los pelo barulho. Algumas vozes, potencialmente altas, extrapolavam
decibéis inimagináveis num ambiente hospitalar. Mas a UTI é sempre uma exceção
às regras. Como esperar calma absoluta e gestos mínimos numa constante luta de
vivos cuidando de quase mortos? E quando
o dia iniciava clarear e finalmente era vencida pelo esgotamento, lá vinham os
laboratoristas sugar meu sangue. Era pro meu bem, estava convencida. Embora me
liberar da lucidez e deixar Morfeu me abraçar era o que mais me faria bem
naqueles momentos. Poucos minutos após a seringa furar meus peneirados braços,
caia vencida em sono profundo e então começava a briga pela vida no plano astral.
Às 8 horas era servido um singelo café da manhã junto com um banquete de
remédios. Às vezes eles percebiam que estava tão fragilizada pela insônia que
me deixavam dormir mais um pouco. Mas a reconquista da saúde tinha uma agenda: medicamentos,
exames, alimentação, fisioterapia, e principalmente, respirar. Tinha que
respirar conscientemente porque o pulmão perdera a capacidade de transformar
oxigênio em gás carbônico, ele não conseguia sozinho exercer sua nobre função.
Ao retirar o respirador momentaneamente, a saturação derrubava o ritmo
respiratório dos normais 90 a 100 para 60, 40 e até 30 ciclos. Uma ameaça
concreta para a sobrevivência e um comprometimento para a circulação de
oxigênio no gênio cérebro.
Eu tinha que respirar
por conta própria se quisesse ter alguma chance de sair dali. Olhava em volta e
via uma dezena de leitos com gente desacordada, alguns há meses, gente que
chegava no meio da noite e não amanhecia, ou não permanecia por muito tempo.
Quando o telefone tocava na madrugada era o SAMU, informando a chegada de novo
paciente. A equipe ficava alerta, de prontidão. Quando um dos computadores
disparava o alarme, todos corriam para o leito de onde vinha o aviso da queda
do ritmo do respirador. Alguém estava indo embora e a morte não escolhia por
critérios. Jovens vítimas das drogas, gente acidentada, enfartada ou partícipe
de brigas sangrentas chegava em estado grave. No momento em que uma crise
começava, enquanto toda a equipe concentrava esforços em reverter o colapso,
uma plantonista sempre corria para puxar a cortina que circundava o meu leito,
privando-me de testemunhar com os olhos o que era impossível esconder aos
ouvidos e ao coração. Pacientes
amedrontados, ameaçados pelos inimigos que os agredira, fugiam no meio da noite.
Outros, revoltosos, arrancavam os fios dos eletrodos e os acessos de
medicamento e alimentação pela veia, num motim emocional. Era a rotina da UTI. Médicos e enfermaria ficavam silenciosos
quando algum deles ia. Eu achava antes que não, que se acostumavam, mas eles
ficavam tristes sim, era visível que mantinham a sensibilidade, apesar dos
golpes da estrutura deficiente e nefasta, impedindo que mais recursos cheguem
às mãos dos profissionais da Saúde.
A vida deles é cuidar
dos que ainda tinham chance... E prosseguia. Passei um tempo sendo a única
paciente consciente na UTI, o que era uma dádiva, mas também uma nesga de
pequenos problemas.
Houve uma tremenda
confusão depois que técnicos e diretoria reuniram-se para tratar de assuntos
administrativos internos, coisas como escala de enfermeiras e chefias de
plantão... A Débora, a dançarina de funk, me contou o que estava
acontecendo. Eu fui achar de tecer
comentários sobre como algumas pessoas podem puxar energia alheia, baseadas num
falso e momentâneo poder, como acontecia com alguns que tomavam conta da UTI à
noite. Pra quê abri a minha sagrada boquinha? Alguns ficaram chateados comigo,
achando que eu havia generalizado, mas não. A natureza humana é assim mesmo,
pessoas infelizes não são generosas, porque não conhecem generosidade. Outras
ao contrário, conseguem iluminar até nos infernos, porque têm a visão do céu
dentro delas mesmas. É um nível de consciência e na UTI encontrei vários
degraus. Em muitos momentos eu era a única paciente da UTI que, além de falar,
tinha um aguçado senso crítico, combinação explosiva pra quem dependia de ajuda.
Estar sob o poder de terceiros requer juízo duplo sob pena de acirrar
melindres, é o que Carlos Castañeda chamou de “pequenos ditadores” no seu livro
O Fogo Interior.
Mas antes de falar até
o que não deveria, conheci a linguagem do silêncio. A eloquência do silêncio.
Todos na expectativa de ouvir a minha voz depois que descobriram: a paciente é
locutora da Rural FM. Achavam que iam ouvir aquela voz bem postada, própria aos
locutores. Mas jornalista de formação, virei locutora por pura consequência,
não tenho vozeirão. Imaginava, durante os dois meses e meio que fiquei sem
comer, beber e falar, se ainda teria a capacidade da fala. Teria eu ficado com
alguma sequela? Pensei. Dr. Portilho, meu heroi, uma vez disse que só com o
tempo teria certeza de que o coma não havia alterado capacidades cognitivas
como aprender e... Falar. Só depois de retirado o tubo, um processo longo e
difícil que tive que conquistar, é que pude passar para a fase seguinte, a de
respirar sem ajuda do aparelho; voltar a abrir o canal de comunicação e também
reaprender a andar. Virei mesmo um bebê e reaprendi tudo.
Nos primeiros
exercícios de fisioterapia, apesar do ânimo de Dr. Saint Clair e seus alunos, braços
e pernas mostravam que o trabalho de soerguimento precisaria de mais força na
vontade que nos músculos. Juntamente com a Rosângela, o Renato e a Mariana,
fisioterapeutas do Hospital, Saint Clair e equipe conseguiram um fato notório:
reanimar meus movimentos antes mesmo do meu cérebro conseguir ordenar isso. Na
primeira vez que me reergueram parecia um saco de batatas, não firmava em pé.
Mas como Saint Clair havia dito, saí andando do hospital. Dancei feito Michael
Jackson, com os seus célebres passos para trás. Passeios em cadeiras de rodas
para ver o sol, um tour pelo Hospital rumo à sala de tomografia computadorizada,
programão. Um trânsito que exigia logística e esforço de grupo. Adriana,
Clarice (Clau amada Clau), Dr. Saint Clair e seus discípulos fisioterapeutas,
um tubo de oxigênio e minha vontade de ver a vida lá fora. Ah o sol como é bom.
Nos corredores centenas de histórias de sofrimento e dor, uma demonstração da
desumanidade político-administrativa, praticante de um genocídio brando. Um
extermínio consentido que traga a vida com burocracia, corrupção e
insensibilidade, umas decorrentes das outras e todas agindo em uníssono,
lançando a vida social nas garras de um sistema constituído para destruir e
negar assistência médico-hospitalar em plenitude. É vergonhoso, como categorizar
esses “líderes”? Eles o fazem de propósito? Por ignorância? Por quê?
A INSÔNIA DOS IMORTAIS
A experiência do coma
é uma revelação. Não há como descrevê-la em sua exatidão porque cada ser que
atravessa esse mar o faz à sua maneira, necessidade e mérito. Durante o
processo a percepção da realidade no mundo físico desaparece completamente e
libera os sentidos internos para uma viagem às profundezas do inconsciente. Lá
no profundo interior de si mesmo a matéria-prima dos arquétipos fala com
clareza. Os modelos universais e as criações que povoam nossa egrégora pessoal
ganham vida e desenvolvem enredos e encenações de performances que ora
vivenciamos, ora não vivenciamos, mas que ignoramos existir em subníveis.
Paralelamente, de forma holográfica, a memória faz conexões.
O quebra-cabeças
começa a fazer sentido. Numa sequência nem sempre lógica de ações e reações,
uma entidade aparentemente extracorpórea, que na verdade é a própria memória da
pessoa, começa a fazer links entre o consciente e o inconsciente, a vida
exterior e a vida interior. Tudo ganha importância numa dimensão extraordinária,
tudo e cada detalhe. A possibilidade de não voltar aos compromissos com o mundo
e deixar tudo sem aviso prévio é um choque anafilático. A responsabilidade para
com todos os nossos atos é investida contra nós mesmos sem reservas. É o momento
do autoconhecimento sem autoajuda. Uma síntese à velocidade da luz relata
minúcias insuspeitas sobre uma verdade às vezes camuflada sob justificativas
frágeis; a revelação declara guerra contra convicções baseadas em argumentos
que só reforçam uma contradição entre o ideal e o real. A motivação para cada
comportamento e conceito se desnuda sem constrangimentos, diante de um ser
surpreso com a exposição à sua própria identidade em zoom macroscópico. Esse
monitoramento interdimensional ao qual nada escapa, o Olho de Deus, também
observa impassível nossas reações diante da presumida morte. Na certeza de que
a personalidade dorme para o mundo, a consciência se concentra e oferece a sua essência
e o seu veredicto, não há como se esconder de si mesmo. Não existe
possibilidade de fuga e nem intenção. Sem a exatidão da possibilidade de voltar,
a rendição é total.
Somos levados para uma
dimensão só comparável em imagens e ritmos a um efeito psicodélico, a uma
viagem fantástica às terras mágicas dos contos infantis tal como Alice o diria
sobre o país das maravilhas; o impulso é sempre de ida não se tem o controle
sobre quando parar, onde parar ou voltar. Analogamente é como passar por
lugares lindíssimos sem a oportunidade e o direito de apreciar a paisagem, mas
tudo fica registrado para uma análise posterior. A viagem ao nível
intraterrestre do ser tem outros interesses e sua agenda de encontros com o
mundo das causas não nos permite apreciar a paisagem dos caminhos internos. É
uma cabalah em quarta dimensão (ver nota). Cada esfera apresenta sua própria
definição independente e diferente do conceito que fazemos dela, mostra-se em
sua verdade, provocando um mix de compreensão e desmistificação sobre os
aspectos que acreditamos entender. Cada registro arquivado no cérebro dispara
uma realidade paralela à medida que dispensamos energia ao seu conteúdo. É uma
síntese com poder de estratégia e com o objetivo de despertar o potencial de mudança
necessário ao indivíduo que está imerso nesse mar da “inconsciência”. O
material lá guardado, muitas vezes por vidas e vidas, faz a conexão com padrões
que reconhecemos na existência atual, e eles dizem a quê vieram.
O entendimento da
causa de atuais valores dá o mapa e a estrutura do que estamos realizando –
traduzindo – trazendo ao mundo. Esse chamado à responsabilidade também nos
exibe os méritos, os pontos focalizadores de uma energia bem direcionada que
também nos levou ao caos ou a ordem. Sem a participação do ego, a submersão no
inconsciente é uma providência programada para eclodir informação atômica,
posteriormente a informação é reorganizada pelos elementos que se apresentam
para fazer o seu trabalho, como descrevo à frente.
Os “locais” ou esferas
também são representações de nós mesmos, são belos, agradáveis ou terríveis. Os
lugares “superiores” significam nosso modelo perfeito, aquele que um dia a nossa
identificação nos mostrou como metafísica direção a seguir e também nossas
conquistas, nossa bagagem, nossos conceitos já interiorizados e compreendidos.
Nesse tipo de experiência somos levados para o nirvana personalizado. Nesse
“mundo” uma superentidade feminina me falou com translúcido amor. Tudo o que
somos e a quê estamos vinculados nos mundos de Emanação, Criação, Formação e
Ação exibe-se. Já as esferas obscuras, estão as coordenadas do nosso lado
sombrio, é a polaridade, a extremidade contrária. Lugar onde se iniciam outras realidades
paralelas, estas, construídas pela sabotagem de energias ainda insubordinadas,
nichos onde residem egos recalcitrantes, medos e trevas, energias ainda
desconhecidas, incompreendidas, negadas e abandonadas que cobram seu lugar “à
luz do sol”. Animais, pessoas, personagens de livros, filmes, gênios da
humanidade e até artistas e celebridades veem falar, são reflexos, o espelho se
move para dentro. Desenvolvem assuntos aos quais nos dedicamos, mostram
aspectos ainda inobservados, explicam conceitos, revelam segredos, desmistificam
e eliminam rótulos. Eles protagonizam uma desprogramação da mente – alguns
diriam da psique. Seja como for, há uma reavaliação geral e uma compreensão
literalmente holística. O Todo fala às suas Partes nas suas respectivas
linguagens, os universos paralelos são pesquisados em profundidade. Nesse
contexto as escolhas ficam claras, com o entendimento das causas.
O deslocamento
interdimensional, a viagem ao centro de “nossa terra” dispensa o tempo sensível
e perceptível, o tempo não desaparece, mas torna-se elástico, a percepção
temporal é uma convicção inata de que o tempo se adapta às nossas decisões e
comando, mas principalmente à necessidade do agora, como se o tempo conhecesse
melhor que nós, do que realmente precisamos. É moldável, maleável, amigo e
plasma questionamentos num nível de sensibilidade mais refinada. O tempo parece
ter uma consciência independente, autônoma, mas extremamente sensível ao
“toque” mental.
Nesse tempo-lugar
também encontramos guardiões. Novamente somos reapresentados a nós mesmos,
alterando a visão dos guardiões que concebemos como sendo entidades estilo anjo
da guarda, espírito protetor ou similares. São nossas próprias defesas, nossas
próprias forças, nossos próprios exércitos. Constituídos pelo trabalho
elemental e história eletrônica ao longo das existências. São o que Eu Sou.
Anjos e Demônios. Nesse contexto, nada ortodoxo, anjos e demônios referem-se
aos aspectos duais do ser, polaridades, não estou me referindo exclusivamente
ao bem e ao mal, mas algo acima de ambos e consciente dos dois. Quando as
pessoas decretam EU SOU estão se referindo ao que de fato emitem e propagam a
partir de todas as suas dimensões. Não há como ser sem SER.
Voltar desses comandos
interdimensionais não é fácil. Fazem-nos sentir como uma criança que só poderá
sair da escola depois que realmente aprender toda a lição. É a senha secreta para ser liberado rumo à
superfície. Enquanto a compreensão não se apresenta, permanecemos ali num autoquestionamento
implacável. Às vezes o cenário muda, muda conforme o direcionamento da mente,
mas a consciência retorna ao ponto de partida onde tudo deverá ser compilado. A
mente apercebe-se finalmente na sua própria teia, sua sutil armadilha
desmonta-se diante da clareza de um jogo inútil, nada que ela possa fazer
poderá camuflar o processo, nada detém o que se verifica quando o observador e
o observado se concentram na mesma frequência, na sincronicidade. Tudo o que nos
faz referência toma forma e vida e sempre trazendo conteúdos que jamais seriam
encontrados no mundo exterior. Se você que agora lê ainda não encontrou com a
Esfinge, não o deseje sem estar pronto para virar pelo avesso.
Os elementos surgem
com ajuda. O vento conta com seres céleres, porém, contraditoriamente pesados e
muito... Como diríamos? Mundanos. Criaturas enormes, largas, amplas, altas e
gélidas, eu diria refrescantes ao contato, em mim eles comandaram um resgate
pulmonar. Chegaram montados em possantes, modernas e incrivelmente velozes
motocicletas. Pareciam gangs do bem. Examinaram-me, verificaram a capacidade
muscular, fizeram diagnóstico, conduziram-me a uma espécie de evento onde o som
era estridente e ensurdecedor. A exemplo de um evento público, o ambiente
reunia criaturas das mais diversas e diferenciadas em tamanhos, tipos e formas.
Era uma dimensão onde harmoniosamente todos os tipos de criaturas conviviam e
desempenhavam funções correlatas. Algumas seriamente comprometidas com o caos,
outras, no oposto extremo, tinham compromisso com a reestrutura. Pareciam dar pitacos
sobre o que me ocorria. Eu não entendia nada, apesar de compreender a linguagem.
Os seres do Ar mantiveram-se ao meu entorno, como se para impedir qualquer tipo
de aproximação dos demais. Tinha uma vaga ideia do que acontecia, mas não
saberia dizer onde estava. Os seres feitos de Ar expeliam uma massa que me
removia, entre eles eu deslizava envolvida naquela sensação refrigerada
enquanto fortes ventos me acariciavam numa maciça nuvem circulante. Eu estava
dentro de um liquidificador de ventos, como um epicentro de um furacão. Era tão
bom respirar aquele ar, a substância quase moldável invadia toda a musculatura
e parecia que eu estava sendo preenchida de novo alento.
Depois de um período
que pareceu uma noite e um dia, um dos vendavais motociclistas me levou para
fora do lugar onde atuaram. Deixou-me no que seria um recanto esmo numa região
rural, ligou novamente a moto ciclonizada, disse: “cuide-se”. E se foi.
A Água surgiu mais
prática, nada explicou, apenas fez. Sem diálogos fui colocada por mãos gigantes
e invisíveis embaixo de uma correnteza forte, típica das cachoeiras que desabam
nos grandes cursos de rios. Uma descida poderosa de água lavou minha alma,
literalmente. Era noite, assim acredito porque tudo estava escuro, mas eu via a
queda-d´água com nitidez. Fiquei horas sendo lavada na pedra em que repousaram
o meu corpo de astral. De repente, simplesmente, as mãos sem rosto me puxaram e
me puseram em repouso numa espécie de casa.
A Terra me deu aula de
Arquitetura. Estava numa casa de paisagismo clássico, um estilo que mesclava
Art Noveau com Bossa Nova. Alguma voz me descrevia processos de criação da
matéria numa montagem que lembrava brinquedos de lego. Moldes e bloquinhos se
encaixavam dando forma às realizações do planejamento mental. Era uma repetição
que tinha por objetivo gravar na memória automática o know how, o como se faz.
Uma estrutura de tríade sempre começava a montagem dos blocos. Essa montagem
repetia-se insistentemente. Terminava e recomeçava, ninguém, só a voz. Quando a
orientação foi memorizada, comecei a refazer as estruturas seguindo aquela
fórmula insistente, um projeto depois outro – era um procedimento padrão,
funcionaria para tudo no mundo físico. Era a base, essa triangulação equilátera
vertical.
O Fogo não se apresentou
em essência, mas mandou suas forças. Transmutação de padrões negativos em
escalas local e global. Senti de fato o que é o Todo. Senti de fato o que é ser
parte desse Todo. Uma forte tempestade
apareceu nos céus interiores, raios cruzavam a atmosfera mobilizando emoções
arquivadas em passados subterrâneos, nos rios de fogo do planeta. A coisa
pipocava em todo mundo, cada um conforme suas escolhas. O fogo desencadeava um
despertamento de tudo que estava oculto nos seres, coisa medonha e fantástica,
simultaneamente.
As transposições entre
níveis de consciência eram constantes, estive em determinados momentos ao lado
de criaturas abjetas com quem tive que lidar, a instrução era para liberar aquelas
companhias, embora percebesse que eu é que estava “presa”; surgiu um “buraco
negro” no local (por sinal com três níveis), como na performance do elemento
Terra). Como a liberação era para mim, decidi pular e fazer as perguntas
depois. Salto Quântico, finalmente.
Do outro lado surgi
numa Rua do Recife, a Rua da Aurora, e experimentava uma visão panorâmica,
embora estivesse andando parecia olhar tudo de cima. Num rompante de indução,
fui caminhar pelas outras ruas, lá encontrei multidões vestidas de branco,
principalmente homens e crianças. As mulheres apareciam em menor número porque
a maioria delas estava fazendo uma espécie de ritual numa praia, assim me
disseram. Os homens paravam os carros no meio das ruas e avenidas, e
simultaneamente, desciam deles e uniam-se num abraço coletivo. Eram muitos,
estranhamente os veículos foram abandonados sem tumulto ou apego. Eles
simplesmente abriam as portas e desciam sem sequer desligar a ignição. Nessas
vias, pessoas aparentemente desconhecidas confraternizavam-se como se numa
grande festa planetária, parecia um réveillon, uma passagem de Era. Entrei num
novo prédio de três andares, era também igual ao da estrutura arquitetônica que
me ensinaram, lá encontrei uma galeria de arte, tive a formidável surpresa de
ver Valum Votan (ver nota); ele pendurava uma pintura a óleo sobre tela e
reposicionava uma escultura em forma de onda. Sintomático. Sincronáutico. Grata
pelo recado, querido professor, gratidão por toda a herança estelar contida nos
códigos mayas, que foram abertos no final do ciclo pela sua missão de mensageiro
galáctico.
Na sequência voltei à rua e tudo continuava
festa. Expressões de alívio e um ritual de desmascaramentos. Máscaras caiam e
as pessoas não se importavam. Riam como crianças que brincam de
esconde-esconde. Descobertas as faces verdadeiras, eles conheceram-se, melhor,
reconheceram-se mutuamente. Começaram um trabalho de transformação. Todos
sabiam o que fazer e puseram-se imediatamente à ação. A tempestade desceu, a
Tormenta chegou com o vento afugentando areia e água da praia.
Depois de intensa
chuva, as mulheres que ali estavam aos milhares, vestidas com roupas leves e
coloridas, levantavam os braços em saudação ao sol – dando boas vindas a um
planeta andrógino. Não sei como soube disso, apenas sabia. Uma luminosidade
quase branco cintilante imprimiu nova aura ao ambiente. Não havia poluição,
tudo estava instantaneamente limpo e purificado. Todos moviam-se sem gravidade.
Respirava-se um ar que atendia às necessidades físicas de segurança,
alimentação e descanso. Quanto mais
respirávamos, mais fortes e energizados nos sentíamos. Alguns chegaram a
flutuar. Movimento rápido e distâncias percorridas sem esforço. Também era
imediata a compreensão dos conceitos. Boa parte da massa humana presente nesse
contexto entendia sem dificuldades o que estava acontecendo. A possibilidade de
libertação de antigos padrões limitadores era uma realidade que todos
experimentavam e aprendiam a manter. Os mais simples e humildes entenderam em
conformidade com suas crenças, eram os mais entusiastas. Havia igualmente gente
muito graduada em conhecimentos científicos em várias áreas, estes se mostraram
apreensivos e confusos. Queriam compreender como as teorias que tanto
debateram, funcionavam agora sem equações lineares e teorias complexas. Ficavam
pra lá e pra cá fazendo perguntas sem sucesso, porque o entendimento era um
saber natural como sensações dispensadoras de palavras. Essa era a única
explicação que eles puderam obter. A vida do planeta regeneração já É. A quarta
dimensão habilitará as consciências. A sugestão que faço a você é para
realmente participar da mudança sem expectativas imediatas, mas com ação clara
e sinceramente compromissada em constituir-se veículo dessa nova vida. Porque
não haverá maior beneficiado (a) do que você mesmo (a), essa é a dádiva. A
dádiva é ser o agente ativo do processo. Que oportunidade, evoluir a convite da
Inteligência Maior e em sincronicidade, simultaneamente. Mas a transcendência
implica em estabelecimento da verdade, e ai vem a determinante “verdade” de
cada um.
Os quatro elementos
unidos fizeram alquimia atmosférica. O corpo de empréstimo que me permitia
observar tudo com amplitude foi novamente redimensionado ao tamanho do humano.
Aqui estou Agora.
Enquanto permaneci na UTI tive sucessivos sonhos nas horas em que conseguia
dormir e desdobrar com eficiência. Eles deram um freio de arrumação em toda
essa sucessão de acontecimentos extrafísicos.
Ainda passei por
vários obstáculos para recuperar a vida em seu aspecto tridimensional. Tive
duas crises de edema de glote, escapei graças à experiência, controle emocional
e rapidez de raciocínio do Dr. Portilho, e tive também várias síncopes. Tudo
reação aos remédios, bipolaridade medicinal com que os médicos tiveram que
lidar com perspicácia cirúrgica. Mas sobrevivi para contar a história.
Nesse intervalo entre
um susto e outro, tive tempo para processar informação de maneira a fomentar
ajustes e redirecionamentos. Tudo muda depois disso, as prioridades, as
importâncias, as necessidades e o sexto sentido. Ele integra-se, embora
permaneça num nível subliminar, vigia com mais autoridade que antes. Sou
inteira gratidão. O objetivo desse texto é dizer do carinho que me dedicaram,
das centenas de orações em minha intenção. Católicos, evangélicos, espíritas,
esotéricos, xamãs e umbandistas pediram pela minha permanência neste plano por
mais algum tempo. Se por obrigatoriedade ou em atendimento às orações de tantos
corações generosos, a verdade é que sinto-me com energia renovada em sua
essência. Não se trata de recuperação física, exclusivamente, mas de renovação
anímica. Uma sensação de certeza só comparável à verdadeira fé. Uma criatura de
luz disse que eu despertei a fé. Eu imaginava saber o que era isso, essa
dinâmica de dar um salto na escuridão, mas saibam, que não se pode exercer a fé
sem o verdadeiro “salto”.
Em nome da poderosa
força que me reposicionou no ambiente planetário em pleno apocalipse, digo a
você que “a fé ri das impossibilidades”. Não confunda Fé com sua crença. Fé
está acima de qualquer crença, não é acreditar, é saber assim Ser.
Assim Seja.
Gratidão,
Ao Racional Superior.
À dona da minha vida,
a Natureza.
À hierarquia dos planos
nas supra e infradimensões.
Gratidão aos guardiões
dos caminhos internos.
Aos quatro Elementos e
quinta essência.
Aos xamãs e
arquivistas da memória ancestral.
Aos mestres Mayas e
Indianos.
Aos sábios estelares,
seus auxiliares e suas aulas-síntese.
Aos animais de poder
com seu conhecimento instintivo.
À seara espírita e sua
equipe médica do plano astral.
No plano Terra quero
expressar minha gratidão:
Aos familiares,
amigos, vizinhos, parceiros, colegas de trabalho, conhecidos e público em geral
que me abençoaram com suas orações.
Em especial agradeço
ao meu chefe e amigo Lineu Garcia diretor-presidente da Rede Rural de
Comunicação, ao comunicador e amigo compadre Albino Pereira, e ao Dr. Heliomar
(pela minha transferência para a UTI). Foram eles que agiram nas providências
imediatas para salvar minha vida. Gratidão
imensa ao meu irmão Ricardo Brito, meu pai Chico Brito, minha tia Elvanira
Coelho e minhas primas Vânia e Larissi, que com suas ações e amparo me ajudaram
a resistir e lutar.
Também agradeço
imensamente o apoio atencioso, carinhoso e diligente de Thiago, Genivan, Sônia Vívian, Nena, Chico da Onça, Dona Romilda e seo Andalécio; Afra,
Nenem (e amigos do bairro do Cajueiro em Recife); gratidão a Joelma e Nill e
seus caboclos guerreiros pelo apoio, atenção e ajuda. Agradecimentos a Edmar e
família pela presença amiga e preocupação; aos vereadores e equipe da Câmara de
Alto Paraíso pela compreensão e orações; aos meus vizinhos de rua, ouvintes e
entrevistados da Rural FM, sempre acompanhando minha jornada hospitalar com
mentalizações que me fortaleceram. A dona Filó, Léo e Flávio, Flávia, Sueli e
Cirineu também agradeço.
Gratidão à equipe da
medicina de Jesus da Aliança Evangélica Espírita Irma de Castro Mei-Mei em
Abreu e Lima (PE). Gratidão à Associação Assistencial Paulo de Tarso e às
Igrejas Católica e Evangélica em Alto Paraíso e São João D´Aliança (GO),
Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Recife (PE). Agradecimentos
ao ex-prefeito Mário de São João D´Aliança (GO), pela providência e apoio com a
ambulância do SAMU; gratidão à equipe da secretaria de Saúde e do Hospital
Municipal Santa Madalena em São João D´Aliança. Também agradeço aos médicos,
enfermeiros e motoristas da equipe do Hospital Municipal de Alto Paraíso em
especial Dra. Marta.
EM CEILÂNDIA
Gratidão eterna aos
médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, e toda a equipe
da UTI adulta do Hospital Regional de Ceilândia, em especial ao Dr. Carlos Portilho,
Dra. Keila, Dr. Saint Clair, Dra Luiza e Dr. Vicente. Também gratidão ao Dr.
Fernando, Dr. Leonardo, Dr. Alexandre, Dr. Ricardo, Dr. Alexsandre.
Para a turma animada
dos plantões da UTI em Ceilândia grito o meu imenso e eterno agradecimento a
todos sem exceção. Com especial agradecimento aos meus anjos da guarda:
Nayara, Maria Santana (Santi),
Paulo, Clarice, Adriana. Francisco, Ana Célia, Daniele (Dani), Débora, Zilda, Antônio,
Márcia, Maria da Luz, Orleine, Bia, Antônia. Andreia, Alessandra, Silvana,
Nilza.
Anaurina, Faeda, Rafaela,
Sóstenes, Mansueto, Raquel, Gisele, Luciane, Vanderson e Preta. Agradeço à
diretoria, representada pela Cilene, e claro, ao pessoal do Laboratório, que
cumpriu pontual e eficientemente o seu papel para o meu restabelecimento.
Gratidão incomensurável
ao Dr. Saint Clair e seus alunos de Fisioterapia pelos primeiros passos da
minha nova vida; gratidão também ao Dr. Renato, Dra. Rosângela e Dra. Mariana
pela ginástica física e da autoestima.
Poucos sabem que
quando entrei em coma, no dia seguinte, meu pai entrou em coma também. Essa
situação deixou minha família perplexa e o meu único irmão, Ricardo Brito, teve
que tomar uma decisão, optando por ficar em Recife acompanhando o processo de
recuperação do nosso pai, um senhor com 81 anos de idade. Foi por conta dessa
condição que essas pessoas acima citadas foram tão importantes. Cuidaram de mim
como se fosse alguém de suas famílias. Gratidão a todos pelo cuidado e carinho.
Meu pai recuperou-se
mais rapidamente, voltou para casa com uma semana, mas esconderam dele as
notícias em relação a mim, e quando retornei à consciência física, só soube do
que aconteceu cinco meses depois quando deixei a UTI, instante em que avaliei o
quanto foi significativo o carinho e o cuidado de todos vocês.
Em vez de FIM essa história tem um RECOMEÇO. START.
Estrela Magnética Amarela – 31/01/2013
NOTAS
O grande ciclo maya é o período compreendido em 13
subciclos com 144 mil dias cada. Teve início em 3113 a.C. e terminou em 21 de
dezembro 2012 d. C., finalizando a Era da Transformação da Matéria, que muitos
acreditaram ser “o fim do mundo”. Na
verdade o mapeamento desse período constitui-se como o FINAL DOS TEMPOS, quando
a humanidade entra numa nova era e fase evolutiva.
1. Valum Votan é o mensageiro que trouxe a interpretação dos
códigos mayas sobre a Lei do Tempo, através da personalidade encarnada José
Arguelles, arqueólogo, escritor, professor de História da Arte, mentor do
Movimento Mundial de Paz e de Mudança para o Sincronário das 13 Luas.
José Argüelles (Rochester, Minnesota, 24 de janeiro de 1939 - Oregon, 23 de março de 2011) foi um historiador com doutorado em
História da Arte pela Universidade de Chicago. Professor na Universidade de
Princeton em 1966, nos 23 anos seguintes continuou sua atividade docente na
Universidade da Califórnia, Davis, Instituto Evergreen State College; em
Washington no Instituto Naropa; na Universidade Estadual e no Instituto de Arte
de San Francisco; na Universidade de Colorado, Denver e na União de Escolas
Graduadas em Ohio, como diretor do Programa Doutoral de Criação Artística.
Desenvolveu em 1989 a teoria sobre a Lei
do Tempo, que estabelece o tempo como uma frequência de sincronização universal
em sua fórmula T(E) = Arte (Tempo é Arte), o Tempo fatorado pela Energia é
igual à Arte. Alcançou notoriedade pela sua convocação para o movimento da
Convergência Harmônica e seu livro sobre os códigos do Calendário Maya – O
Fator Maia. Presidente da Fundação para a Lei do Tempo, criada em 2000, propôs
o uso do sincronário maya como instrumento para harmonizar a mente humana com a
Natureza.
2. Cabalah
Cabala (também Kabbalah, Qabbala, cabbala, cabbalah, kabala, kabalah, kabbala) é uma sabedoria que
investiga a natureza divina; é uma palavra de origem hebraica que
significa recepção.
A Kabbalah — corpo de sabedoria espiritual mais antigo contém as
chaves, que permaneceram ocultas durante um longo tempo, para os segredos do
universo, bem como as chaves para os mistérios do coração e da alma humana. Os
ensinamentos cabalísticos explicam as complexidades do universo material e
imaterial, bem como a natureza física e metafísica de toda a humanidade. A
Kabbalah mostra em detalhes como navegar por este vasto campo, a fim de
eliminar toda forma de caos, dor e sofrimento.
É
um sistema de autoconhecimento que descreve quatro mundos: emanação, criação,
formação e ação. Os estudiosos demonstram as intersecções entre esses mundos
num modelo chamado Árvore da Vida.
3. Racional Superior. A Cultura Racional foi fundada por Manoel Jacintho Coelho, considerado pela Cultura Racional como o Racional
Superior da Terra, na cidade do Rio de Janeiro, em 1935, no bairro do Méier, no
centro espírita Tenda Espírita Francisco de Assis. Embora fundada
naquele ano, somente passou a ser mais divulgada a partir de 1970. Segundo
conta o livro, o fundador, em 04/10/1935, recebeu uma ordem de fechar o centro
espírita porque havia chegado ao mundo uma nova era, chamada Fase Racional, a
fase do desenvolvimento do raciocínio, localizado na glândula pineal.
Segundo o
movimento, o raciocínio desenvolvido com a Imunização Racional é algo
completamente diferente do pensamento lógico (usualmente considerado como raciocínio), pois
este não limita-se a uma operação lógica discursiva. O raciocínio desenvolvido
através da Imunização Racional representa o perfeito equilíbrio entre lógica e
emoção, funcionando como um ponto orientador do ser humano, libertando-o de
angústias, tristezas, energias negativas e os mais diversos males.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seja Bem Vindo ao Sol Interno, agradecemos seu comentário.
Gostou deste Blog? Ajude-nos a divulga-lo.
Obrigado
Namastê
FIAT LUX
PAX
MMSorge