O Desafio dos Quarenta Dias
Alguns
números aparecem com frequência na Bíblia, relacionados a situações que lhes
conferem grande valor simbólico. É o caso do número 40, quase sempre ligado às
tribulações, crises, desafios e dificuldades.
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O dilúvio durou 40 dias e 40 noites (Gn 7.4). Depois, Noé e sua família
começaram uma “vida nova”.
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Moisés esteve no monte jejuando durante 40 dias. No final, e não antes, recebeu
as tábuas da lei (Ex 24.18; 34.28; Dt 9.9-11,18).
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Os espias estiveram em Canaã durante 40 dias, correndo o risco de serem
descobertos e mortos. Depois, viria a conquista da terra, mas o povo
retrocedeu, o que transformou o prazo inicial em uma peregrinação de 40 anos
(Nm 13.25; 32.13).
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O gigante Golias afrontou Israel durante 40 dias, até que Davi se prontificasse
a enfrentá-lo (1 Sm 17.16).
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Elias fez uma caminhada de 40 dias até o monte Horebe, onde teve um encontro
com Deus (1 Rs 19.8).
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Jonas profetizou que, dentro de 40 dias, Nínive seria destruída. O povo se
arrependeu e a sentença foi cancelada (Jn 3.4).
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Jesus jejuou no deserto durante 40 dias. Depois, iniciou seu ministério (Mt
4.2).
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Jesus esteve na terra durante 40 dias após a Sua ressurreição, enquanto os
discípulos esperavam o Espírito Santo. Ao final, foi elevado ao céu e
assentou-Se à direita do Pai (At 1.3).
O
número 40 adquiriu significado especial em nossa cultura sob o título de
“quarentena”, indicando, geralmente, um tempo de isolamento para purificação. A
Bíblia destaca ainda alguns períodos de 40 anos (Jz 13.1; At 7.23; 7.30; 7.36)
e o castigo das quarenta chicotadas (Dt 25.3; 2 Co.11.24).
Um
dos aspectos predominantes nessas passagens bíblicas é o que se refere à espera
por algum fato, pela conclusão de uma tarefa ou simplesmente pelo fim de uma
situação difícil.
Vivemos
no tempo do imediatismo. O fast food e as mensagens instantâneas fazem parte da
nossa rotina. Essa rapidez afeta também muitos relacionamentos, que começam e
terminam como um relâmpago. Se uma espera de 40 minutos pode parecer uma
eternidade, o que dizer de 40 dias? É o teste da perseverança.
Os
referidos episódios bíblicos mostram o tempo de Deus para a execução de alguns
propósitos. Talvez quiséssemos prazos mais curtos, mas o Senhor tem um
cronograma determinado por Sua própria vontade.
Curiosamente,
o salmo de número 40 diz: “Esperei confiantemente no Senhor e Ele se inclinou
para mim e ouviu o meu clamor”. Precisamos aprender a esperar. A precipitação
não é boa, pois um dos significados dessa palavra é “queda”. Muitas vezes, o
prazo indica o tempo necessário à realização do que se pretende. A antecipação
pode ser problemática. Seria como colher o fruto ainda verde.
Enquanto
esperamos, um processo está acontecendo, ainda que não possamos ver ou
perceber, principalmente nos períodos de jejum e oração. Pense no que acontecia
no mundo durante o dilúvio ou no coração daqueles que jejuavam, enfrentavam o
deserto ou esperavam o cumprimento de uma promessa.
A
demora pode ter bons efeitos. Nos ensina a paciência e nos faz valorizar o que,
com desejo, aguardamos. O que vem fácil e rápido é desvalorizado e, muitas
vezes, descartado.
A
espera é o teste da esperança. O problema é que, aos poucos, a expectativa pode
transformar-se em frustração. Os questionamentos começam a brotar e a confiança
é colocada à prova. Então, o comportamento exterior seguirá a atitude interior.
O
tempo de Moisés no monte é um exemplo interessante. Depois de muitos dias, o
povo pensou que ele não voltaria mais. Então, pediram que Aarão fizesse o
bezerro de ouro, diante do qual realizaram um grande culto pagão (Ex 32).
Todo
prazo que Deus estabelece tem um propósito. Algumas vezes, trata-se de
oportunidade para o arrependimento (Ap 2.21). Nesse tempo, pode ser que Deus
não Se manifeste, e isso pode aumentar a tensão. Durante o dilúvio, Deus não
falou com Noé e sua família. Eles deveriam apenas confiar no que Deus disse
antes. É o desafio da fé.
O
simbolismo dos números bíblicos aponta para uma lição e não para uma previsão
quantitativa exata. Nossas tribulações e jejuns podem ter durações diversas. A
igreja de Esmirna teria uma tribulação de dez dias (Ap 2.10). Daniel jejuou 21
dias. Ester jejuou três dias. O mais importante é a atitude enquanto durar a
dificuldade. Sejamos fiéis enquanto esperamos.
Os
períodos de jejum na Bíblia são exemplos de intensa dedicação ao Senhor. Depois
de jejuar 40 dias, Jesus começou Seu ministério. Jejuns prolongados (mesmo que
sejam parciais e respeitando a possibilidade de cada um) podem ser decisivos.
Os períodos de 40 dias na Bíblia são tempos de transição entre duas situações.
Existe o “antes” e o “depois”. Eles
podem ser ordenados por Deus, mas está em nossas mãos determinar períodos de
dedicação mais intensa ao Senhor. Se
você não enfrentar, não chegará ao outro lado, ou seja, não completará a
transição. Se chegar, não será mais o mesmo. Sendo de espera ou atividade, os
40 dias sempre envolvem disciplina e esforço.
Então,
se não desistirmos, chegaremos ao destino, concluindo a tarefa, alcançando o
resultado, recebendo a bênção ou conquistando território, de acordo com a
soberana vontade de Deus. Depois das tribulações, vêm as definições, a vitória,
o refrigério e uma nova vida. Não nos
referimos a uma fórmula mágica nem a uma garantia de aquisição espiritual
mediante o esforço humano, mas apenas à exposição de exemplos bíblicos inspiradores.
Tudo que recebemos é pela graça, mas, ainda assim, Jesus disse: Pedi, buscai e
batei, porque o que pede recebe, o que busca encontra e, ao que bate,
abrir-se-lhe-á (Mt 7).
Pr. Anísio Renato de Andrade
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