Bab Aziz - Le Prince qui Contemplait son Âme
Quem escuta o silêncio e o
próprio coração encontra o caminho certo a seguir e para isto é necessário
estabelecer um contato direto com Deus por meio do auto-conhecimento, da
valorização do ser humano, do amor, da beleza interior, do desenvolvimento das virtudes
espirituais, do sentimento puro e do desapego material. Esta é a mensagem na
qual se apóia o filme Baba Aziz, do diretor tunisiano Nacer Khemir, em exibição
na 4ª Mostra Mundo Árabe de Cinema.
O enredo da produção se
desenrola nas estonteantes paisagens dos desertos da Tunísia e do Irã, onde se
presencia belíssimas representações da tradição árabe e a arte que este povo
desenvolveu de contar estórias. A trilha sonora dá ritmo e ainda mais emoção às
cenas que se seguem.
É um filme que nos instiga a
saber mais e compreender o que os personagens tanto caminham para encontrar.
Quase um conto de fadas, é uma expressão mística do Islã. Baba Aziz (Parviz
Shahinkhou), é um velho sufista cego que, junto com sua neta espiritual Ishtar
(Maryam Hamid), uma garota com cerca de dez anos, percorre durante dias um
oceano de areia em direção a uma reunião de dervixes (monges e mendicantes
maometanos) que ocorre a cada 30 anos.
O sábio homem conhece a
natureza em que está, suas belezas e adversidades e, é escutando o silêncio do
deserto e a sua intuição, que descobre qual a direção correta a seguir. A todo
tempo ele procura estabelecer contato com Deus por meio práticas espirituais.
O caminho que trilha vai ao
encontro de uma vida interior rica, incluindo o respeito ao próximo, o amor, a
cortesia e a doçura. Ao longo do filme ele passa seus ensinamentos à jovem
Ishtar que, como ele próprio a descreve, “é uma criança, mas tem espírito
velho”. A menina, como tantas outras da sua idade, é curiosa, sonhadora,
apaixonada por estórias e pela música, se deslumbra por tudo aquilo que anima
sua imaginação.
Ansiosa e sem saber
exatamente para onde caminha, a menina questiona o avô sobre o local do
encontro. Sem a resposta e com medo do incerto, pede a Baba Aziz que não
prossigam, pois certamente irão se perder. Mas o velho afirma seguramente que
“quem tem fé nunca se perde”, lição que logo será comprovada pela pequena.
Em um dado momento, Ishitar
se depara com um grupo de peregrinos indo em certa direção e quer seguí-los,
mas seu avô a alerta que cada um deve achar seu próprio caminho para o
encontro. Para entreter a garota durante a longa viagem, Baba Aziz conta-lhe a
estória de um príncipe que segue uma gazela através do deserto, deixando para
trás sua vida de luxúria. Após alguns dias ausente, ele é encontrado olhando
sua imagem em uma pequeno lago.
Um dervixe que o observa
garante que o príncipe está contemplando sua alma. O conto permeia todo o filme
e no final revela uma relação surpreendente com a neta e o avô.
Nesta jornada, a dupla
encontra outros personagens que carregam estórias curiosas e ilustram os
anseios do sufismo. Este é o caso de Osman (Mohamed Grayaa), que pula em um
poço para tentar voltar ao palácio onde encontrou sua amada, e Zaid (Nessim
Kahioul), que anda em busca da bela Noor, mulher que fugiu com suas roupas,
documentos e seu coração após uma noite de amor.
Texto: Ana Maria Barbour
***
O roteiro desse filme foi escrito pelo próprio Khemir, em parceria com Tonino Guerra, autor de diversos roteiros de grande sucesso (Amarcord, Night of the Shooting Stars, Blowup, entre outros).
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