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A cada instante a voz do amor nos circunda e partimos em direção ao céu profundo
Por que deter-se a olhar ao redor?
Já estivemos antes por esses espaços e até os anjos os reconhecem
Retornemos ao mestre, que é lá nosso lugar
Estamos acima das esferas celestes, somos superiores aos próprios anjos
Além da dualidade nossa meta é a glória suprema
Quão distante está o mundo terreno do reino da pura substância?
Por que descemos tanto?
Apanhemos nossas coisas e subamos mais uma vez
Sorte não nos faltará ao entregarmos de novo nossas almas
Nossa caravana tem por guia Mustafá, a glória do mundo
Ao contemplar sua face a lua partiu-se em dois pedaços
Não pôde suportar tanta beleza e fez-se feliz mendicante frente àquela riqueza
A doçura que o vento nos traz é o perfume de seus cabelos
A face que traz consigo a luz do dia reflete o brilho de seus pensamentos
Olha bem dentro de teu coração e vê a lua que se despedaça
Por que teus olhos ainda fogem dessa visão maravilhosa?
O homem emerge do oceano da alma como os pássaros do mar
Como há de ser terra seca o lugar do descanso final
de uma ave nascida nesse mar?
Somos pérolas desse oceano.
A ele pertencemos. Cada um de nós.
Seguimos o movimento das ondas que se arrastam até a terra
e então retornam ao mar
E eis que surge a última onda e arremessa o navio do corpo à terra
E quando essa onda regressa naufraga a alma em seu oceano
E este é o momento da união
Autor:
Mawlana Jalaluddin Rumi
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