O FENÔMENO 2012 - FIM DO MUNDO
O fenômeno 2012 compreende
um conjunto de crenças escatológicas segundo as quais eventos cataclísmicos ou
transformadores aconteceriam no dia 21 de dezembro de 2012. Esta data é
considerada como o último dia de um ciclo 5.125 anos do calendário de contagem
longa mesoamericano. Vários alinhamentos astronômicos e fórmulas matemáticas
têm sido colocadas como pertencentes a essa data, apesar de nenhuma delas ser
aceita pela comunidade científica.
A interpretação de que essa
data marca o início da Nova Era diz que a Terra e seus habitantes podem sofrer
uma transformação espiritual ou física positiva, e que 2012 seria o começo de
um novo tempo. Outros sugerem que 2012 marca o fim do mundo ou uma catástrofe
similar.[5] Cenários sugeridos para o fim do mundo incluem a chegada do próximo
máximo solar ou a colisão da Terra com um objeto como um buraco negro, um
asteroide próximo ou um planeta chamado "Nibiru" Estudiosos de várias
áreas têm rejeitado a ideia de eventos cataclísmicos em 2012.
Profissionais
especializados na cultura maia dizem que as previsões de morte iminente não são
encontradas em nenhum dos clássicos dessa civilização e a ideia de que o
calendário de contagem longa "termina" em 2012 deturpa a cultura e
história maia. Astrônomos e outros cientistas rejeitaram as teorias como sendo
pseudociência, afirmando que elas são conflitantes com simples observações astronômicas,
e que "existem preocupações mais importantes para a ciência, tais como o
aquecimento global e a perda de diversidade biológica". A NASA tem
comparado os medos em relação ao ano de 2012 com o fenômeno "Bug do
milênio" no final da década de 1990, sugerindo que uma adequada análise
dos fatos pode impedir temores de um desastre.
Calendário
de Contagem Longa
Antes de mais nada, é
importante destacar que a contagem ou conta longa não foi mantida pelos maias
contemporâneos, diferentemente do ciclo de 260 dias, por exemplo. Sua
reconstrução foi feita pelos acadêmicos e posteriormente adotou-se a teoria que
posiciona o fim de um ciclo em 2012 como teoria hegemônica tanto entre
acadêmicos quanto entre maias contemporâneos. Contudo, esta não deveria ter
sido naturalizada. Isto significa dizer que, literalmente, não temos certeza de
que o tão falado ciclo de 2012 termine de fato em 2012. Pode ter terminado há
anos ou ainda demorar anos para terminar.
Na teoria mais aceita,
dezembro de 2012 marca o fim do atual ciclo b'ak'tun da contagem longa
mesoamericana, a qual era usada na América Central antes da chegada dos
europeus. Embora a contagem longa tenha sido provavelmente inventada pelos
olmecas,[9] tornou-se estritamente relacionada com a civilização maia, cujo
período clássico durou entre 250 e 900 d. C. Os maias clássicos eram
alfabetizados e seu sistema de escrita encontra-se substancialmente decifrado.
A contagem longa define a
"data zero" em um ponto do passado, que marcou o fim do mundo
anterior e o início do atual, correspondente a 11 ou 13 de agosto de 3114 a. C.
no calendário gregoriano proléptico, dependendo da forma utilizada. Ao
contrário do calendário usado atualmente pelos maias, a contagem longa foi
linear, e não conjuntural, e mantida em unidades de tempo baseadas no sistema
vigesimal. Por esse meio, 20 dias correspondem a um uinal, 18 uinals (360 dias)
a um tun, 20 tuns a um k'atun e 20 k'atuns (144.000 dias) correspondem a um
b'ak'tun. Assim, por exemplo, a data maia 8.3.2.10.15 representa 8 b'ak'tuns, 3
k'atuns, 2 tuns, 10 unials e 15 dias desde a data zero. Muitas inscrições maias
têm a contagem de mudança para uma ordem mais elevada após 13 b'ak'tuns. Hoje,
as correlações mais amplamente aceitas para o final do décimo terceiro b'ak'tun
são no calendário ocidental os dias 21 e 23 de dezembro de 2012.
Teoria
apocalíptica
Em 1957, o astrônomo Maud
Worcester Makemson escreveu que "a realização do Grande Período de 13
b'ak'tuns será da maior importância para os maias." Nove anos depois,
Michael D. Coe, mais ambiciosamente, afirmou que o "Armageddon degeneraria
todos os povos do mundo desde a sua criação, e que no dia do décimo terceiro e
último b'ak'tun o universo seria aniquilado, no dia 24 de dezembro de 2012
(depois revisada para 23 de dezembro de 2012) quando o Grande Ciclo da contagem
chega a sua conclusão."
A questão é ainda mais complicada por diversas
cidades-estados maias empregarem a contagem longa de maneira diferente. Em
Palenque, a evidência sugere que os sacerdotes acreditavam que o ciclo
terminaria após 20 b'ak'tuns e não 13.
Objeções
As previsões apocalípticas
de Coe foram repetidas por outros estudiosos até o início da década de 1990.
Entretanto, mais tarde, pesquisadores disseram que, embora o final do 13º
b'ak'tun talvez seja um motivo de comemoração, não marca o final do
calendário. "Não há nada em qualquer profecia maia, asteca ou da antiga
Mesoamérica que sugira que eles profetizaram qualquer tipo de grande ou súbita
mudança em 2012", diz o estudioso dos maias Mark Van Stone. "A noção
de que um "Grande Ciclo" vai chegar ao fim é uma invenção
completamente moderna."
Em 1990, os estudiosos maias Linda Schele e David
Freidel argumentaram que os maias "não conceberam que isso seja o fim da criação,
como muitos sugeriram." Susan Milbrath, curadora de Arte e Arqueologia
Latino-Americana no Museu de História Natural da Flórida, declarou: "nós
não temos nenhum registro ou conhecimento de que [os maias] pensavam que o
mundo chegaria ao fim" em 2012. "Para os antigos maias, isso era uma
grande celebração que seria feita até o fim de um ciclo", diz Sandra
Noble, diretora executiva da Fundação para o Avanço dos Estudos Mesoamericanos
em Crystal River, Flórida, Estados Unidos.
A escolha de 21 de dezembro de 2012
como o dia de um evento apocalíptico ou de um momento cósmico de mudança, diz
ela, é "uma completa invenção e uma chance de lucro para muitas
pessoas." "Haverá um novo ciclo", diz E. Wyllys Andrews V,
diretor do Instituto de Pesquisas Mesoamericanas da Universidade de Tulane, em
Nova Orleans, Louisiana. "Nós sabemos que os maias pensavam que houve um
antes, o que implica que eles estavam confortáveis com a ideia de um outro
depois."
Associações
anteriores
A associação entre europeus
e maias com a escatologia remonta à época de Cristóvão Colombo, que estava
compilando um trabalho que chamou de Libro de las profecias durante a viagem de
1502 a Guanaja, uma ilha ao norte de Honduras, quando ele ouviu pela primeira
vez sobre o "povo maia". Influenciado pelos escritos de Pierre
d'Ailly, Colombo acreditava que sua descoberta de terras "mais
distantes" (e, por consequência, os maias) fora profetizada e conduziria
ao Apocalipse. O medo do fim dos tempos eram disseminados durante os primeiros
anos da colonização espanhola como resultado de previsões astrológicas
populares na Europa sobre um segundo dilúvio para o ano de 1524.
No início dos anos de 1900,
o estudioso alemão Ernst Förstemann interpretou a última página do código de
Dresden como uma representação do fim do mundo com uma inundação cataclísmica.
Ele fez referência à destruição do mundo e a um Apocalipse, mas não falou sobre
o 13º baktun em 2012 e não era claro se ele estava se referindo mesmo a um
evento futuro. Suas ideias foram repetidas pelo arqueólogo Sylvanus Morley, que
parafraseou diretamente Förstemann e acrescentou suas próprias afirmações,
escrevendo: "Finalmente, na última página do manuscrito, é descrita a
Destruição do Mundo. Aqui, de fato, é retratado com um toque gráfico o
cataclisma todo-envolvente final" na forma de um dilúvio. Estes
comentários foram, depois, repeditos no livro de Morley, The Ancient Maya, que
teve sua primeira publicação em 1946.
Crenças
em Nova Era
Muitas afirmações sobre o
ano de 2012 fazem parte de uma coleção não-codificada de crenças da Nova Era
sobre a cultura maia quanto à espiritualidade. O arqueoastrônomo Anthony Aveni
afirma que, embora a ideia de "equilíbrio do cosmos" tenha sido
destaque na literatura maia, o fenômeno 2012 não vem dessas tradições. Em vez
disso, ele está relacionado com conceitos americanos, como o movimento da Nova
Era, o milenarismo e o ocultismo.
Os temas encontrados na
literatura sobre 2012 incluem a "desconfiança em relação à cultura
ocidental dominante", a ideia de evolução espiritual e a possibilidade da
entrada da humanidade na Nova Era por cada indivíduo ou por uma consciência de
grupo. Em geral, a intenção dessa literatura não é avisar sobre o perigo
iminente, mas "promover a contra-culturas simpatias e eventualmente
ativismo sócio-político e espiritual". Aveni, que estudou comunidades Nova
Era e SETI, descreve as narrativas sobre 2012 como produto de uma sociedade
"desconectada": "incapaz de encontrar respostas espirituais para
as grandes questões sobre a vida dentro de nós mesmos, voltamo-nos para fora a
entidades imaginárias, que estão longe no espaço ou no tempo — sendo essas as
únicas que estariam na posse de um conhecimento superior".
Origens
Em 1975, o fim do 13º
b'ak'tun tornou-se objeto de especulação por parte de vários autores da Nova
Era, que afirmaram que o evento corresponderia a uma "transformação de
consciência" global. Em Mexico Mystique: The Coming Sixth Age of
Consciousness, o escritor americano Frank Waters vinculou a data de 24 de dezembro
de 2011 à astrologia e às profecias dos hopis, enquanto José Argüelles e
Terence McKenna, autores de The Transformative Vision e The Invisible
Landscape, respectivamente, discutiram a importância do ano 2012 e fizeram
referência a 21 de dezembro de 2012.
Em 1983, com a publicação da
tabela de correlações de datas de Robert Sharer revista na quarta edição de The
Ancient Maya, cada um se convenceu de que 21 de dezembro de 2012 tinha um
significado importante. Em 1987, o ano em que ele organizou o evento de convergência
harmônica, Arguelles usou a data 21 de dezembro de 2012 em The Mayan Factor:
Path Beyond Technology. Ele alegou que em 13 de agosto de 3113 a.C. a Terra
começou a passagem através de um "feixe de sincronização galáctica"
que emanava do centro da galáxia, que esse feixe iria passar através da Terra
durante um período de 5.200 tuns (ciclos maias de 360 dias cada) e que este
feixe resultaria em "sincronização total" e "arrastameno
galáctico" dos indivíduos "ligados à bateria eletromagnética da Terra"
por 13.0.0.0.0 (21 de dezembro de 2012). Ele acreditava que os maias haviam
alinhado seu calendário para corresponder com esse fenômeno. Anthony Aveni
rejeitou todas essas ideias.
Alinhamento
planetário
Não há nenhum evento
astronômico significativo relacionado à data de início do calendário de
contagem longa. Porém, segundo a literatura da Nova Era, a data final do
calendário está ligada a fenômenos astronômicos de uma grande importância para
a astrologia. O principal desses eventos é o conceito de "alinhamento
planetário".
Precessão
No Sistema Solar, os
planetas e o Sol ficam aproximadamente no mesmo plano, conhecido como plano
elíptico. Da nossa perspectiva da Terra, a elíptica é o caminho percorrido pelo
Sol pelo céu durante um ano. As doze constelações que estão sobre essa linha
elíptica são conhecidas como zodíaco e, anualmente, o Sol passa por eles uma
vez. Para além disso, o ciclo anual do Sol parece diminuir muito lentamente
para trás um grau a cada 72 anos ou uma constelação a cada 2.160 anos.
Esse
movimento de recuo é chamado de "precessão", e ocorre devido a uma
ligeira oscilação do eixo da Terra à medida que ela gira e pode ser comparada à
forma como um peão oscila à medida que a sua velocidade diminui. Ao longo de
25.800 anos, um período geralmente chamado de Ano Platônico, o caminho do Sol
completa uma rotação de 360º de recuo através do zodíaco. Nas tradições da
astrologia ocidental, a precessão é medida a partir do equinócio de março, ou o
ponto em que o Sol está exatamente no meio do caminho entre os pontos mais
baixos e mais altos do céu. Atualmente, a posição do Sol no equinócio de março
é na constelação de Peixes e está se movendo para trás em direção à de Aquário.
Isso sinaliza o fim de uma era astrológica (Era de Peixes) e o início de outra
(Era de Aquário).
Misticismo
Especulações místicas sobre
a precessão dos equinócios e a proximidade do Sol em relação ao centro da Via
Láctea apareceu pela primeira vez em Hamlet's Mill (1969) por Giorgio de
Santillana e Hertha von Deschend. Esses foram citados e complementados por
Terence e Dennis McKenna em The Invisible Landscape (1975). O significado de um
futuro "alinhamento galáctico" foi observado em 1991 pelo astrólogo
Raymond Mardyks, que afirmou que o solstício de inverno se alinharia com o plano
galáctico em 1998/1999, escrevendo que um evento que "só ocorre uma vez a
cada 26 mil anos seria de extrema importância para os principais astrólogos
antigos".
Bruce Scofield observa que "a travessia da Via Láctea no
solstício de inverno é algo que tem sido negligenciado pelos astrólogos
ocidentais, com algumas exceções. Charles Jayne fez uma referência muito antes
sobre isso, e na década de 1970, Rob Hand mencionou isso em suas falas sobre
precessão, mas não se aprofundou no tema. Ray Mardyks mais tarde falou sobre
isso e depois John Jenkins, eu e Daniel Giamario começamos a falar sobre
isso".
Partidários da ideia,
seguindo a primeira teoria proposta por Munro S. Edmonson, alegam que os maias
basearam seu caledário em observações dos Great Rift e Dark Rift, um conjunto
de nuvens na Via Láctea, aos quais, de acordo com alguns estudiosos, os maias
chamaram de Xibalba be ou "Estrada Negra". John Major Jenkins afirma
que os maias tinham conhecimento de onde a elípitica cruzava a Estrada Negra e deram
a essa posição no céu um significado especial em sua cosmologia.
De acordo com Jenkins, a
precessão irá alinhar precisamente o Sol com o equador galáctico no solstício
de inverno de 2012. Jenkins afirmou que os maias anteciparam esta conjunção e
celebraram isso como o prenúncio de uma profunda transição espiritual para a
humanidade. Os defensores da hipótese da Nova Era com o alinhamento galáctico
argumentam que, assim como a astrologia utiliza as posições de estrelas e
planetas para prever acontecimentos futuros, os maias fizeram seu calendário
com o objetivo de prever eventos significativos para o mundo. Jenkins atribui
as percepções dos antigos xamãs maias sobre o centro da galáxia para o uso de
cogumelos alucinógenos, sapos e outras comidas psicodélicas. Jenkins também
associa Xibalba be com uma "árvore do mundo", com base em estúdios
contemporâneos da cosmologia maia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seja Bem Vindo ao Sol Interno, agradecemos seu comentário.
Gostou deste Blog? Ajude-nos a divulga-lo.
Obrigado
Namastê
FIAT LUX
PAX
MMSorge